Acidentes de trabalho envolvendo servidor municipal reforça estatística do relatório anual do INSS

GERAL

Falta de vontade política e investimento em prevenção são os obstáculos para reduzir acidentes de trabalho 

A rotina de trabalho no serviço público municipal tem apresentado de modo mais cons­tante, casos de servidores vítimas de acidentes de trabalho. O fato é extremamente preocupan­te e tem sido constantemente reivindicado pelo SISPUMI, mas como aponta o anuário estatístico da Previdência So­cial, os principais problemas estão na falta de investimen­to em políticas de prevenção.

Não é raro o desinteresse das administrações municipais em mostrar empenho para a criação das CIPAs; programas de conscientização, capacitação em segurança do trabalho e, tão pouco, fiscalização. Disto resulta enorme prejuízo ao trabalhador, famílias e todos os munícipes, que arcam direta ou indiretamen­te, com o custeio das tragédias.

Dos 5 milhões de acidentes de trabalho ocorridos no Bra­sil entre 2007 e 2013, data da última atualização do anuário estatístico da Previdência Social, 45% acabaram em morte, em invalidez permanente ou afasta­mento temporário do emprego. Só nesse período, o desembolso do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) com indenizações aos acidentados foi de R$ 58 bi­lhões. Além da pensão por morte e invalidez, o INSS ainda paga o salário do segurado a partir do 16º dia de ausência no emprego.

Só em 2013, o INSS pagou R$367 milhões em benefícios por acidentes de trabalho. Uma parte se refere a afastamentos temporários do emprego, mas ano após ano a conta vai cres­cendo porque uma parte desses benefícios se destina a pensões por morte ou invalidez perma­nente. Numa conta atualizada para 2015, somente o custo gerado pelos acidentes entre trabalhadores com carteira assi­nada que são notificados e iden­tificados nas estatísticas oficiais é estimado em R$ 70 bilhões.

Existem ainda outros cus­tos que escapam às estatísticas oficiais. Esses custos vão além dos benefícios previdenciários, já que a eles se somam os gastos indiretos no Sistema Único de Saúde (SUS), com seguros de acidentes ou ações nos tribunais de Justiça, por exemplo. O SUS, que é universal, atende um gran­de número de pessoas que se aci­dentam e adoecem no mercado informal cujas despesas correm por conta do Ministério da Saúde e não do INSS. Nesse ponto, às estatísticas oficiais se incorpo­ram estimativas as mais variadas.

Falta investir em prevenção

A falta de investimento em prevenção é o maior obstáculo para reduzir os acidentes de tra­balho, embora não seja barato in­vestir em máquinas apropriadas e bons equipamentos de proteção, o custo compensa não só por mo­tivos econômicos, mas sobretudo humanos. A reparação dos danos ao acidentado é mais onerosa ao país do que o custo da prevenção.

A Previdência tenta tentar reaver os valores gastos em be­nefícios acidentários ajuizando ações referentes a acidentes de trabalho por acreditar que a responsabilidade pelo acidente de trabalho é do empregador.

A legislação obriga a em­presa a oferecer um meio am­biente de trabalho saudável e seguro. Mas não basta o empre­gador fornecer os equipamentos de proteção, ele também precisa fiscalizar o uso. Se o empregado não usar, a responsabilidade é do empregador. A legislação fornece ao empregador meca­nismos para cobrar do empre­gado o uso do equipamento, como advertências, suspensão e até demissão por justa causa.

A cultura de não priori­zar a prevenção no ambien­te laboral é só a primeira das causas do alto índice de acidentes de trabalho.

A Procuradora Federal da Advocacia Geral da União, Alessandra Sgreccia entende a falta de investimento dos empregadores em segurança como uma forma dissimulada de violência que mata, mutila e adoece trabalhadores. E isso reduz a produtividade, arruína a vida de muitas famí­lias e produz custos sociais e financeiros no fim são injusta­mente suportados pela socie­dade e pelo Estado brasileiro.

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