Dia 13 de maio e a relação de Trabalho

AGENDA

Dia 13 de maio – Mais Reflexão e menos motivos de Comemoração

 Por Silvana Arado

Diretora do Sindsel
Coordenadora do Coletivo de Mulheres Negras do SINDSEL

A libertação das trabalhadoras e trabalhadores escravizados que se deu em 13 de maio de 1888, ocorreu pela luta e resistência de Negras e Negros, abolicionistas e também por pressão política internacional. O capital queria aumentar suas indústrias e potencializar suas vendas. Para isso, precisaria de novos compradores de seus produtos. Era mais viável aos detentores de grande capital acabar com o regime de escravidão impondo a força de trabalho barata, afinal, esses trabalhadores reverteriam esse dinheiro nas compras dos produtos que eles mesmos produziriam. Essa conjuntura fez com que o Brasil se rendesse a abolição.

A forma como se deu a abolição deixou esses trabalhadores à margem da sociedade. Aquilo que deveria ser motivo de felicidade e comemoração tornou se um tormento nos dias que se seguiram. Os Africanos que foram sequestrados de seu país, que foram proibidos de manter seus costumes, que foram separados de suas famílias, estavam no dia 14 de maio de 1888 e em muitos outros dias sem ter para onde ir, sem ter o que beber, o que comer e o que vestir. Saíram das fazendas assim como chegaram à elas, à força. Escravizados e depois deixados à margem.
Foram mais de trezentos anos de trabalho ajudando na construção e riqueza deste país e mesmo assim estes trabalhadores não foram indenizados. Tiveram seus registros queimados a mando do governo para apagar nossa história.
Leis foram criadas como mecanismos de exclusão desse povo do mercado de trabalho, determinando quais funções poderiam ser desempenhadas por eles.
Leis de posturas e condutas foram criadas como por exemplo Lei da Vadiagem. Tudo isso para que não circulássemos, e quem ousasse era preso.
Esqueceram quem ajudou a construiu esse país, quem colocou aquelas pedras nas ruas de Ouro Preto, quem construiu aquelas igrejas em Olinda. Cada canto desse país tem ainda muito daquilo que nós negros construímos!
Somos sobreviventes! Não esperavam que suportaríamos e que manteríamos nossa existência. Mas continuamos. Somos um povo forte e resistente. Descendentes de Acotirene, Zumbi, Dandara e muitos outros quilombolas que não deixaram de resistir, que acreditaram que a liberdade é direito de todos. De luta, garra, que trabalha e produz muito ao Brasil!
A luta contra a desigualdade racial continua,
13 de maio dia de denuncia e combate ao Racismo. Dia de Reflexão, pois o 14 de maio chega para todos nós.
Uni- vos Negras e Negros.

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